O aumento do nível do Guaíba em Porto Alegre está gerando apreensão. Na segunda-feira, a régua do Cais Mauá registrou um nível de 2,76 metros, a terceira maior marca desde a grande enchente de 1941, ficando atrás apenas dos 3,13 metros observados em 1967 e dos 2,97 metros medidos pela MetSul em outubro de 2015.
Como medida preventiva, o prefeito da cidade, Sebastião Melo, decidiu fechar as comportas do sistema para evitar que a inundação do Guaíba afete a área central da cidade, caso o nível atinja ou ultrapasse 3,00 metros no Cais Mauá.
A decisão foi tomada após uma reunião extraordinária e envolve o fechamento das comportas P3, em frente ao Tribunal de Contas do Estado, e P4, na Avenida Sepúlveda, com a colocação de sacos de areia para reforçar o fechamento. Também está sendo avaliado o fechamento temporário do Cais Embarcadero.
A ação da Prefeitura de Porto Alegre é justificada pelas condições meteorológicas atuais. A cidade enfrenta o setembro mais chuvoso de sua história, com um acumulado de 383,4 mm até o momento, superando o recorde anterior de 362,7 mm em 1926. No entanto, vale ressaltar que a chuva na cidade não é o principal fator para o aumento do nível do Guaíba.
O nível do rio é determinado pela vazão de diversos rios que desembocam no Delta do Jacuí, próximo à capital, como Jacuí, Taquari-Antas, Sinos, Gravataí e Caí, que têm registrado altos volumes de chuva neste mês.
A situação se complica devido ao nível elevado da Lagoa dos Patos, causado pelas cheias ocorridas na primeira quinzena de setembro, especialmente nos rios Jacuí e Taquari. Isso dificulta o escoamento das águas do Guaíba para a lagoa, mantendo o nível do Guaíba acima de 2,50 metros, mesmo com uma menor vazão de afluentes nos últimos dias.
Além disso, a presença de ventos fortes do quadrante Sul representa uma grande preocupação, pois historicamente pode causar um rápido aumento no nível do Guaíba. Embora a vazão atual não tenha aumentado significativamente, a intensidade do vento pode desempenhar um papel crucial. A previsão indica rajadas de vento entre 70 km/h e 90 km/h na área.
Prever o nível do Guaíba é uma tarefa extremamente desafiadora devido à complexa interação de diversos fatores, incluindo a chuva na região, o nível da Lagoa dos Patos e as condições do vento.
Além disso, a escassez de dados, devido a problemas técnicos com as réguas de medição, torna a previsão ainda mais difícil. No entanto, a ação preventiva da prefeitura busca minimizar os riscos associados a essa situação crítica.
Fonte: Redação HN
METSUL
Fotos: Luciano Lanes PMPA