No final de novembro, a Escola Municipal de Educação Infantil Pequenos Gigantes recebeu uma visita especial: Maurício Ven Tainh Salvador, cacique da aldeia Kaingang Kógūnh Mág, de Canela/RS, esteve na escola para realizar uma contação de histórias indígenas para os alunos das turmas de pré-escola.
A história, extraída do livro “Fàg kar segsó táhn: gufo u sí ag tú – A araucária e a gralha azul: uma história dos antigos Kaingang”, apresenta uma lenda tradicional, passada de geração em geração entre os indígenas. O mito aborda a importância da vida em comunidade, o valor da palavra, especialmente quando ela resulta de escolhas pessoais, e como as aparências podem enganar. A história também simboliza os vínculos eternos, como o da araucária e da gralha azul. O livro, publicado em formato bilíngue, conta com tradução para Kaingang por Viviane Farias, adaptação para a linguagem infantil de Ana Fonseca e ilustrações de Mauren Veras. A obra foi agraciada com o selo de Altamente Recomendável pela Fundação Nacional do Livro Infantojuvenil (FNLIJ), na categoria Reconto, além de ter recebido o Prêmio da Academia Riograndense de Letras como melhor obra infantil.
A atividade faz parte do projeto cultural “Muralismo e os povos originários: do esquecimento à inclusão”, que busca valorizar o conhecimento e a cultura dos povos originários. Realizado em parceria com a aldeia Kaingang Kógūnh Mág, o projeto inclui diversas atividades educativas e artísticas, como oficinas de grafite com alunos da rede pública, palestras sobre patrimônio imaterial, exibição do documentário “Os povos originários da Serra Gaúcha”, apresentações de dança Kaingang e a criação de murais permanentes na Vila Joaquina – Território Criativo, como legado do projeto à cidade.
Alessandro Müller, responsável pelo projeto, destaca a importância de promover atividades que conectem crianças e jovens à cultura indígena. Ao final da contação de histórias, os alunos da professora Jenifer dos Santos presentearam o cacique com desenhos, em agradecimento pela visita.
Para o cacique Maurício Salvador, visitar escolas é uma experiência valiosa. “Percebo que estou apresentando um mundo novo para os alunos, trazendo conhecimento, reflexão e sabedoria. Deixo sempre sementes de curiosidade sobre nossa cultura indígena”, afirma.
O projeto também tem como objetivo, por meio da arte urbana e do muralismo, preservar e valorizar a contribuição e a memória dos povos indígenas na cidade de Gramado. Concorrendo com mais de duzentas iniciativas culturais de todo o estado do Rio Grande do Sul, o projeto ficou em 7º lugar no edital SEDAC/LPG nº 11/2023 – Pesquisa, Registro e Memória, e foi viabilizado com recursos da Lei Complementar nº 195/2022.
Foto: Yas Almeida
Ascom Projeto Muralismo e os Povos Originários